O
Seminário “As Veias Abertas da Volta Grande do Xingu” será realizado nesta
quinta-feira (11), no auditório Benedito Nunes, da Universidade Federal do
Pará, em Belém. No dia 29 de novembro no ano passado, quando o evento seria
promovido, o prefeito de Senador José Porfírio, Dirceu Biancardi, chegou ao
local acompanhado de uma comitiva de apoiadores. Houve tumulto, o encontro
acadêmico foi interrompido e o caso foi registrado na Polícia Federal.
À época, em nota divulgada no seu perfil em uma rede social, a
prefeitura de Senador José Porfírio confirmou que Biancardi compareceu ao
evento na UFPA sem ter sido convidado, mas negou que ele tenha impedido os
debates e a saída de pessoas do local.
“Seus significados são políticos e acadêmicos”, defendem os
organizadores do seminário. Além do desagravo, um dos sentidos do evento é o de
reiterar a ação de pesquisadores, estudantes e professores em consonância com
princípios éticos, em defesa de linhas de trabalho independentes e socialmente
comprometidas, assim como de autonomia intelectual.
“Dessa forma, conhecimento e informação tornam-se dinâmicos, como
ferramentas para transformar, produzir críticas e defender posicionamentos
contra o genocídio de povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia,
contra a destruição irreversível dos recursos naturais e a imposição de
silêncios, isolamentos, regressões de direitos territoriais, étnicos,
ambientais e de expressão”, complementam.
Programação
A
programação do evento foi organizada em duas mesas. Nelas, serão discutidos
resultados de pesquisas sobre os efeitos sociais, ambientais e políticos de
dois megaempreendimentos instalados na região do Rio Xingu, no estado Pará: a
Usina Hidrelétrica de Belo Monte e o Projeto Volta Grande da Mineração, empreendimento da
mineradora canadense Belo Sun que se propõe a explorar ouro nessa região do Rio
Xingu.
Os
trabalhos realizados nessa região da Volta Grande do Xingu dialogam com
práticas jurídicas, orientadas para a exigência de procedimentos adequados ao
corpo legal e ao reconhecimento de direitos, que via de regra tem sido vilipendiados
pelas empresas – Norte Energia, Mineração Belo Sun e as que lhe antecederam,
como a Oca Mineração e a Verena Mineração, por exemplo.
Parte da pesquisa consistiu no mapeamento social orientado para o
fortalecimento dos agentes locais. “Em inúmeras situações identificadas,
ficaram evidentes os conflitos com empresas, segmentos do agronegócio, projetos
governamentais (hidrelétricas, portos, estradas de ferro)”, relatam os
organizadores entre os quais estão a professora Rosa Acevedo Marín, professora
titular do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos da UFPA.
Ela conta que esses processos identitários e as mobilizações políticas
de povos indígenas, de populações e comunidades tradicionais que reivindicam
direitos territoriais, étnicos e ambientais têm sido temas de pesquisas e
publicações do Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, entre outros
trabalhos capitaneados pela Universidade.“A pesquisa praticada insere-se e
articula-se refletidamente com os agentes sociais e as mobilizações que
protagonizam no Brasil. A programação desse Seminário incorpora como
possibilidade plena o conhecimento dos povos e seu desejo de autonomia,
respeito, dignidade”, aponta Rosa Acevedo.
O Seminário “Veias abertas da Volta Grande do Xingu” será realizado pela
parceria entre a Universidade Federal do Pará, a Faculdade de Etnodiversidade/
Campus Altamira (UFPA), a Universidade do Estado do Amazonas, os Projeto Nova
Cartografia Social da Amazônia e Cartografia da Cartografia, o Grupo de
Pesquisa Lab Ampe (UFPA), a Fundação Rosa Luxemburgo, Cooperativa Mista dos
Garimpeiros da Ressaca, Gallo, Ouro Verde e Ilha da Fazenda (COOMGRIF), o
Movimento Xingu Vivo Para Sempre, com o apoio da Fundação Ford.
Serviço
Seminário As Veias Abertas da Volta Grande do Xingu, nesta quinta-feia, 11,
às 15h, no Auditório Benedito Nunes (UFPA). Entrada livre.
Fonte: G1 Pará
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