© Reuters O ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ambos do PT |
O
lobista Milton
Pascowitch afirmou,
em depoimento à Polícia
Federal,
que o ex-executivo da Engevix Gerson
Almada mentiu
ao atribuir uma conta na Espanha para uso do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e
do ex-ministro José
Dirceu,
ambos do PT.
O
depoimento, prestado dez dias após o levantamento do sigilo das
confissões de Almada pelo juiz Sergio
Moro,
em dezembro, foi anexado aos autos nesta segunda-feira, 8. A
força-tarefa da Operação
Lava Jato pediu
a Moro que as declarações do ex-vice-presidente da Engevix sejam
investigadas.
Em
julho de 2017, Almada compareceu espontaneamente à Superintendência
da PF em Curitiba para colaborar com as investigações. Ele afirmou
saber de uma conta em Madri, na Espanha, administrada por Pascowitch,
abastecida por propinas de contratos da Petrobras,
supostamente em benefício de Lula e Dirceu. Ele afirmou ainda
ter feito contratos dissimulados com o fim de pagar supostas
vantagens indevidas a Dirceu.
Em
face das revelações de Almada, Pascowitch, que é delator da Lava
Jato, prestou depoimento no dia 11 de dezembro. Ele afirmou à PF que
“é manifestamente inverídica a afirmação feita por Gerson
Almada de que administrava conta em Madri para pessoas do PT,
possivelmente em favor de Luiz Inácio Lula da Silva e de José
Dirceu” e que, enquanto colaborador, “forneceu em seu acordo
todos os extratos de suas contas fora do Brasil, as quais eram
mantidas apenas nos Estados Unidos nos bancos UBS e Credit Suisse”.
Almada
havia dito que firmaram contratos dissimulados com a empresa de
comunicação Entrelinhas com o fim de pagar propinas a Dirceu. Ele
entregou documentos aos investigadores para corroborar esta parte do
depoimento. A respeito dos papéis do ex-executivo da Engevix,
Pascowitch afirmou que “não se recorda especificamente desse
pedido, mas que era comum a solicitação por parte da JD Assessoria
[empresa do ex-ministro] para realização de pagamentos de serviços
efetuados por terceiros, em razão da ausência de caixa para fazer
frente aos seus contratos”.
O
embate entre versões do executivo da Engevix, que passou a
colaborar, e o delator Pascowitch, se deu nos autos da denúncia
do Ministério
Público Federalsobre
propinas de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC para
Dirceu. O petista teria recebido os valores durante e depois do
julgamento do mensalão – ação penal em que foi condenado. A
acusação da força-tarefa da Lava Jato foi ajuizada em 2 de maio e
ainda não foi recebida por Moro.
Almada
pediu para falar antes de o magistrado decidir se coloca ou não os
investigados no banco dos réus. Além do executivo e de Dirceu, são
acusados Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do
ex-ministro; João
Vaccari Neto,
ex-tesoureiro do PT; e Walmir Pinheiro Santana, ex-executivo da UTC.
Pascowitch voltou a afirmar que “em relação à licitação dos
oito cascos replicantes, foram pagos 0,5% para a Casa e 0,5% ao PT
que viabilizaram as negociações e posterior assinatura do
contrato”.
Segundo
o lobista, “foi paga comissão à JAMP pelos trabalhos de
assessoria desempenhados, desde a concepção do projeto até a fase
de produção dos cascos e que, após aprovação de Gerson Almada,
ficou acordado pagamento de R$ 14 milhões para João Vaccari, sendo
R$ 10 milhões pagos em dinheiro e R$ 4 milhões por meio de doações
oficiais ao partido”. JAMP é a consultoria de Pascowitch por meio
da qual ele admitiu que fazia pagamentos para agentes da Diretoria de
Serviços da Petrobras. No entanto, Pascowitch voltou a reiterar que
“os recursos eram destinados ao PT e em nenhum momento falou-se em
pagamento a Lula ou José Dirceu”.
Defesas
Em
nota, o advogado Roberto Podval, que defende Dirceu, afirmou que “o
que se tira dessas delações são mentiras de ambas as partes. Cada
qual tentando vender mais do que tem e ainda sair com lucro.”
Almada
afirmou que, por orientação de seu advogado, não comentará a
acusação, pois crê “que a investigação criminal irá aclarar a
verdade”.
Já
o advogado Luiz Flávio Borges D’Urso, que defende Vaccari,
divulgou uma nota sobre a acusação de Pascowitch. “O sr. Vaccari
jamais negociou ou recebeu qualquer valor de origem ilícita. Na
verdade, sendo tesoureiro do Partido dos Trabalhadores, dirigiam-se a
ele todos que pretendiam fazer doações ao partido e dele recebiam a
orientação para que tais doações fossem na conta bancária do PT,
expedindo-se o respectivo recibo e informando-se as autoridades
competentes, tudo absolutamente legal. Fora disso nada é
verdadeiro”, afirmou.
A
reportagem entrou em contato com a defesa de Lula, mas não obteve
resposta.
Fonte:
MSN/Veja.Com
Nenhum comentário:
Postar um comentário