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quarta-feira, 13 de setembro de 2017

POLÍCIA FEDERAL PRENDE EX-GOVERNADOR ANTHONY GAROTINHO

Decisão restringe contato pessoal a advogados e familiares próximos 
Foto: Gabriel de Paiva
O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) foi preso pela Polícia Federal (PF) na manhã desta quarta-feira (13), por volta das 10h30m, na porta da Rádio Tupi, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio, onde apresenta seu programa diário de rádio. A Justiça condenou Garotinho por compra de votos e determinou que ele cumpra prisão domiciliar.
A decisão estabelece ainda o uso de tornozeleira eletrônica, proíbe a utilização de telefones celulares e restringe o contato pessoal a advogados e familiares próximos — mãe, netos, filhos e a mulher, a ex-governadora do Rio Rosinha Garotinho (PR). A medida será cumprida em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, na casa que o ex-governador mantém no bairro da Lapa.
No entendimento da Justiça, o grupo comandado por Garotinho segue cometendo crimes, como ameaça a testemunhas e destruição de provas — há ainda uma denúncia, que está sendo apurada em outro processo, de tentativa de suborno ao juiz Glaucenir de Oliveira, quando ele esteve à frente da "Operação Chequinho". Essas evidências, segundo a decisão, justificam a necessidade imediata de prisão.
Além da medida cautelar, Garotinho foi condenado à prisão em regime fechado por corrupção eleitoral, associação criminosa e supressão de documentos públicos. No entanto, esta condenação precisa ser confirmada em segunda instância para que a reclusão passe a vigorar.
Segundo a sentença, assinada pelo juiz Ralph Manhães, da 100ª Zona Eleitoral, a prefeitura de Campos, então comandada por Rosinha — Garotinho era o secretário de Governo —, desembolsou R$ 11 milhões entre junho e agosto do ano passado num esquema paralelo do programa Cheque Cidadão.
O processo traz notas fiscais registrando as transações. Os cartões eletrônicos, cada um com R$ 200, foram distribuídos por candidatos a vereadores aliados do casal a potenciais eleitores.
O objetivo era montar uma base de sustentação na Câmara Municipal para o candidato governista à prefeitura, Dr. Chicão (PR), que acabou derrotado. Ao todo, 17.500 pessoas fizeram parte do cadastro irregular.



IDEALIZADOR DE ESQUEMA



Garotinho foi apontado pela investigação, conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Estado do Rio (MP-RJ), como o idealizador do esquema.Ele convocou uma reunião em que o mecanismo de atuação ficou definido. Um formulário foi criado e, à noite, cabos eleitorais dos candidatos iam à prefeitura para recolher os papéis, que eram levados para as bases eleitorais de cada um.
Após serem preenchidos pelos interessados, os formulários eram levados de volta para a sede da administração municipal, sempre fora do horário de expediente.Doze digitadores foram contratados especificamente para passarem ao computador os nomes dos beneficiários que iriam compor o cadastro irregular.

Os nomes eram enviados por e-mail para a Vale Card, empresa responsável por inserir os créditos nos cartões do Cheque Cidadão. Depois, os cartões eram entregues para os potenciais eleitores.O sistema todo operava em paralelo ao mecanismo formal do programa, que exige uma análise prévia para que assistentes sociais avaliem se os interessados preenchem os requisitos necessários, como a renda familiar.
Não houve nenhum ato formal do governo autorizando a entrada dos novos 17.500 nomes.Como o Cheque Cidadão, oficialmente, estava congelado para novos ingressos, a notícia sobre beneficiários recebendo cartões gerou incompreensão em quem estava formalmente na fila de espera.
A prefeitura, então, decidiu fazer o processo inverso ao habitual: chamou assistentes sociais para chancelarem as entradas daqueles que haviam sido indicados por vereadores. Houve reação, o que deu início à investigação que resultou na condenação de Garotinho.
Ainda de acordo com a decisão, a prefeitura, que passava por dificuldades financeiras, pagou os R$ 11 milhões com recursos obtidos de um empréstimo junto à Caixa Econômica Federal, no valor total de R$ 308 milhões. A operação, que ficou conhecida como "Venda do futuro", consistiu na antecipação de verba que seria arrecadada com royalties do petróleo, a principal fonte de receita do município.
A autorização para o empréstimo aconteceu em meio à análise, na Câmara dos Deputados, do processo de impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff (PT).
Clarissa Garotinho (PRB), filha do ex-governador, se dissera favorável ao afastamento, mas pediu licença da Câmara e não votou. Ela estava no fim da gravidez e, na ocasião, atribuiu a licença médica ao fato de ter passado mal.

Fonte: O Globo

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