A Polícia Federal (PF) faz
operação na casa do ex-ministro Geddel Vieira Lima em Salvador na manhã desta
sexta-feira. Os policiais federais chegaram antes das 6 horas. Geddel foi preso
preventivamente por decisão da Justiça Federal em Brasília. A PF reuniu
indícios que apontam para a ligação entre o ex-ministro da Secretaria de
Governo do presidente Michel Temer e os R$ 51 milhões em dinheiro vivo
apreendidos nesta semana num apartamento em Salvador.
O mandado que resultou na
operação da PF nesta manhã de hoje foi assinado pelo juiz Vallisney de Souza,
da 10ª Vara Federal de Brasília. O magistrado levou em conta para pedir a
prisão de Geddel os indícios reunidos pela PF sobre a associação dos R$ 51
milhões ao ex-ministro.
Ao todo, a Justiça Federal
determinou o cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e três de busca
e apreensão. O pedido foi feito pela PF e endossado pela Procuradoria da
República no Distrito Federal. Os crimes investigados são corrupção passiva,
lavagem de dinheiro e organização criminosa.
O segundo mandado de
prisão preventiva se dirige a Gustavo Ferraz, um assessor e aliado de Geddel na
Bahia. Ele é suspeito de auxiliar o político baiano na destinação e acomodação
das malas de dinheiro. Ferraz, do PMDB, é diretor-geral da Defesa Civil da
Prefeitura de Salvador. Ele foi nomeado para o cargo em janeiro deste ano pelo
prefeito ACM Neto (DEM).
“As medidas são
necessárias para evitar a destruição de elementos de provas imprescindíveis à
elucidação dos fatos”, diz o Ministério Público Federal (MPF). A operação da PF
é mais uma fase da Operação Cui Bono, que investiga pagamentos de propina para
liberação de crédito do FI-FGTS pela Caixa Econômica Federal.
A PF elencou novas provas
e situações que complicaram a situação de Geddel: as digitais do ex-ministro
colhidas no apartamento onde houve a busca estavam impressas no próprio
dinheiro e material que acondicionava as notas; uma segunda testemunha ouvida
após a operação policial confirmou que o espaço havia sido cedido a Geddel,
corroborando o que disse o dono do imóvel; uma segunda pessoa é suspeita de
auxiliar o político baiano na destinação das caixas e malas de dinheiro; e a PF
identificou risco de fuga depois da revelação da história da maior apreensão de
dinheiro vivo já registrada no Brasil.
O ex-ministro havia sido
preso em 3 de julho dentro da Operação Cui Bono, suspeito de atrapalhar
investigações. Ele obteve o direito de cumprir prisão domiciliar, determinada
pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. Geddel deixou o Presídio da
Papuda, em Brasília, no dia 13 de julho, e seguia em seu apartamento em
Salvador sem tornozeleira eletrônica. O dispositivo está em falta na secretaria
de administração penitenciária da Bahia. Os fatos novos, surgidos na Operação
Tesouro Perdido, que apreendeu os R$ 51 milhões, motivam nova prisão do
político baiano, independentemente do benefício obtido no TRF.
A origem dos R$ 51 milhões
ainda permanece misteriosa. A suspeita da PF é que parte do dinheiro se trata
de propinas para viabilizar a liberação de crédito do FI-FGTS a empresas.
Geddel é suspeito de receber R$ 20 milhões em propinas. O peemedebista foi
vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal entre 2011 e
2013, indicado pela então presidente Dilma Rousseff.
Fonte: O Globo
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