Quarenta e duas pessoas
morreram nos dois acidentes. Sobreviventes relatam momentos de desespero.
Em agosto, dois naufrágios
acabaram em tragédia no Brasil. Na Bahia, uma lancha virou na travessia Mar
Grande – Salvador. No Pará, uma embarcação naufragou no rio Xingu.
Quarenta e duas pessoas morreram no total. Os sobreviventes relatam histórias
impressionantes e destacam a negligência das autoridades.
No dia 24 de agosto, a
lancha Cavalo Marinho 1 foi virada por uma grande onda, arrastada pela força do
mar por 500 metros e tombada em um recife. A tragédia deixou 19 mortos e 89 e
feridos. Uma menina de 12 anos ainda está desaparecida.
Bento Vinagre, estudante
de psicologia, mora na Ilha de Itaparica e estuda em Salvador. Ele já
fez a travessia diversas vezes com a embarcação Cavalo Marinho 1. “Nunca houve
instruções pra gente saber como lidar em situação de acidente. Como a gente vai
ficar tranquilo sabendo que quem vai fazer a perícia dessa lancha é a mesma
pessoa que a periciou antes e liberou o funcionamento de uma lancha nessa
condição?”, questiona.
No dia do acidente, a
estudante Eduarda Radmila pegou a lancha para ir para a faculdade. Ela estuda
história em Salvador: “Aquela lancha estava muito pequena pra quantidade de
pessoas que embarcou. E o mar também não estava contribuindo, estava agitado.
Foi de uma vez só, a gente não percebeu que a lancha ia virar não. A onda veio,
entrou e a lancha virou de lado. Disseram que a lancha virou porque a maioria
das pessoas estavam de um lado da embarcação. Isso tudo é mentira, qualquer
pessoa que estava lá pode desmentir isso”.
Para se salvar, Eduarda
teve a ajuda de Suel Silva Dias, engenheiro de pesca.
A secretária Rosângela
Rufino, que machucou o pé na hora do naufrágio, está inconformada: “Quem tá
envolvido em deixar a lancha rodando no estado que estava, é brincar com a vida
da gente. Aqui não é caixa, não é mercadoria. É vida humana. Eles não podem
fazer isso”.
A população relata muita
demora para a chegada do socorro. O contador Jorge Teixeira também é um
sobrevivente: “O socorro foi feito pelo pessoal da ilha. A Capitania dos Portos
não resgatou ninguém. Eles chegaram depois, pra recolher os corpos”.
Tragédia no Pará
Em agosto, aconteceram três naufrágios no Pará. Um deles foi no dia 22 de agosto na cidade de Porto de Moz, com um barco que saiu de Santarém com destino a Vitória do Xingu. Vinte e três pessoas morreram e 29 sobreviveram.
Em agosto, aconteceram três naufrágios no Pará. Um deles foi no dia 22 de agosto na cidade de Porto de Moz, com um barco que saiu de Santarém com destino a Vitória do Xingu. Vinte e três pessoas morreram e 29 sobreviveram.
Como chovia muito naquela
noite, lonas foram colocadas para cobrir a embarcação. Mas na hora que o barco
virou, sair dele se tornou muito difícil, pois as lonas estavam presas por
cordas. “Eu ia desistir, deixar a água me afundar e me matar, por causa de
tantos gritos que eu ouvia”, relata o sobrevivente Hernando de Azevedo.
O barco estava com os
documentos em dia, mas tinha um destino final diferente do informado às
autoridades. Além disso, levava carga irregular, com um carro. A polícia ainda
investiga o caso, mas Alcimar da Silva, dono da embarcação, já foi indiciado
por colocar a vida das pessoas em risco.
O trajeto que a embarcação
faria dura dois dias. O código que regula o transporte fluvial exige que esse
trajeto seja feito com seis tripulantes a bordo. Para economizar, o dono do
barco contratou apenas quatro tripulantes.
Fonte: Profissão Repórter
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