Brasil Novo Notícias: PF diz que dinheiro apreendido em Parauapebas seria entregue ao PT

sábado, 6 de outubro de 2012

PF diz que dinheiro apreendido em Parauapebas seria entregue ao PT


O R$ 1,134 milhão apreendidos pela Justiça Eleitoral na última terça-feira em  Parauapebas (PA) seriam
entregues a Alex Pamplona Ohana, ex-secretário de Saúde  do município e apontado como coordenador da campanha do candidato José das Dores  Couto, conhecido como “Coutinho do PT”. A informação faz parte do depoimento  dado por Adnado Correia Braga ao delegado da Polícia Federal de Marabá, Antonio  José Silva Carvalho, que investiga a suspeita de uso do dinheiro para compra de  votos em Parauapebas. Braga foi encarregado de levar o dinheiro de Belém até  Parauapebas e deu à PF detalhes sobre a operação.

- O depoimento de Adnaldo nos dá todos os indícios de que o dinheiro seria  usado na campanha eleitoral na cidade. Outro indício era a presença de Alex no  local. Ele saiu do aeroporto tão logo chegou o juiz eleitoral Líbio Moura,  acompanhado por policiais, e chegou a cumprimentá-lo – afirmou o delegado,  acrescentando que, além do juiz, os vigilantes do aeroporto também confirmaram a  presença de Alex no aeroporto.

Adnaldo Correia Braga é primo de Kerniston Braga, funcionário da Prefeitura  de Parauapebas, que é administrada por Darci José Lermer (PT). Como está no  segundo mandato e não pode ser reeleito, Coutinho, ex-secretário de Obras do  município, recebe seu apoio. A vice na chapa é Isabel Mesquita, do PMDB, ex- secretária Nacional de Políticas de Turismo.

Em depoimento à PF, Adnaldo afirmou que seu primo Kerniston viajou a Belém no  domingo e pediu que a ele que o acompanhasse na segunda-feira a uma agência do  Banpará, onde pegaria uma grande soma de dinheiro. Preocupado com um possível  assalto, Kerniston teria pedido a ele que fizesse a escolta, seguindo seu carro  no trajeto. No banco, Kerniston teria recebido R$ 400 mil sacados em dinheiro  vivo pelo dono da Etec Empresa Técnica, que descontou um cheque da empresa. No  mesmo dia, contou Adnaldo, Kerniston fez a ele um segundo pedido: que se  encarregasse de levar o dinheiro no avião da empresa White Tratores, pilotado  por Lucas Silva Chaparro.

Em depoimento ao delegado Carvalho, Adnaldo afirmou ter sido surpreendido na  terça-feira pelo primo. Na hora de embarcar, no lugar de receber apenas uma  mochila de dinheiro, com os R$ 400 mil sacados no dia anterior, Kerniston lhe  entregou mais duas mochilas recheadas com notas de R$ 100, R$ 50 e R$ 20. A  mulher de Adnaldo foi junto porque nunca havia viajado de avião.

- Antes de o avião pousar em Parauapebas, Kerniston mandou uma mensagem para  o celular de Adnaldo, orientando para que o avião pousasse em Marabá, não no  município, mas o primo não viu – disse o delegado, que acredita que a mensagem  possa ter sido enviada após informações sobre a ação da Justiça Eleitoral, que  havia sido avisada de que chegaria dinheiro vivo no aeroporto para ser usado na  compra de votos no município e convocou as polícias Militar e Civil para a  operação.
Para Carvalho, o fato de o juiz Líbio Moura não ter esperado que o dinheiro  fosse entregue ao destinatário, qualquer que fosse ele, complica as  investigações.

- Tenho indícios e o depoimento, mas se o dinheiro tivesse sido apreendido já  com o destinatário seria mais fácil estabelecer o crime eleitoral. O fato de o  dinheiro estar sendo transportado não é, por si só, um crime – explicou.

Em depoimento informal, um irmão de Paulo Guilherme Cavallero Macedo, dono da  Etec, afirmou à Polícia Federal que os R$ 400 mil em espécie foi sacado a pedido  de João Vicente Ferreira do Vale, dono da White Tratores, conhecido como  Branco.

- O Branco alegou que, se o dinheiro fosse depositado na conta, seria  bloqueado por meio de penhora eletrônica, e que precisava pagar funcionários.  Perguntei a ele se a Etec costumava pagar fornecedores em dinheiro, e a resposta  foi que esta teria sido a primeira vez. O dono da Etec disse que não tinha  aliados políticos em Parauapebas, mas sabia que Branco tinha “vários rolos” – disse o delegado, que ouvirá o dono da Etec, o irmão dele e o proprietário da  White Tratores na próxima terça-feira.
O advogado da campanha do PT em Parauapebas, Wellington Valente, afirmou que  o fato de Alex Pamplona Ohana estar no aeroporto não o vincula ao dinheiro  apreendido ou a qualquer irregularidade.
- Ele estava no aeroporto como qualquer cidadão poderia estar, se despedindo  de um amigo. Isso não o relaciona com o dinheiro. Ele cumprimentou o juiz porque  o conhece – disse Valente.

O advogado afirmou que não tem conhecimento do conteúdo dos depoimentos  prestados à Polícia Federal, mas que a empresa White Tratores informou que tem  nota fiscal do dinheiro e contrato de prestação de serviços para comprovar a  operação.

- Não tem qualquer vínculo com a campanha – afirmou Valente.

O delegado da PF disse que não recebeu ainda nenhuma nota fiscal  correspondente à negociação entre as duas empresas e que vai solicitar a folha  de pagamentos da White Tratores, para saber qual a quantia seria usada para  pagar funcionários. Carvalho suspeita que o valor seja muito inferior à da  quantia transportada.

- Quero ouvir o Kerniston. Quero saber de onde veio o dinheiro das outras  duas mochilas – disse o delegado.

Carvalho explicou que caso exista crime, será de formação de quadrilha ou  lavagem de dinheiro, uma vez que a corrupção eleitoral não chegou a ser  concretizada, pois o juiz eleitoral apreendeu a quantia antes que ela mudasse de  mãos.

As duas empresas envolvidas na operação têm contratos com a Prefeitura de  Parauapebas. A White Tratores, que assumiu ser dona do dinheiro, possui pelo  menos dois, no valor de R$ 2,6 milhões, por serviços de locação de caminhões e  picapes. A Etec é dona de um contrato bem maior, no valor de R$ 36.228.352,08,  destinado a obras de terraplenagem, drenagem e pavimentação asfáltica na zona  urbana e rural do município, assinado em setembro de 2011 e com término previsto  para setembro deste ano. Em maio passado, foi assinado um aditivo de R$  8.930.011,05.

Segundo informações do Tribunal Superior Eleitoral, a Etec doou R$ 300 mil à  campanha de Darci José Lermer em 2008. O proprietário da White Tratores doou R$  3 mil para a campanha do vereador Raimundo de Vasconcelos Silva, então candidato  pelo PT.

O juiz Líbio Moura não quis confirmar o encontro com Alex Pamplona Ohana no  aeroporto.
- Entendo que a investigação é sigilosa. Não se pode julgar ninguém  antecipadamente, às vésperas da eleição – afirmou Moura.

Fonte: O Globo

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